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Victor Hugo Forjaz apela à tranquilidade dos jorgenses

Notícia OVGA 23-03-2022

Foto: Professor VHF - Correio dos Açores

 

Qual a sua opinião sobre esta crise sísmica em São Jorge?

Victor Hugo Forjaz (Vulcanólogo Jubilado) – Fui como jovem monitor da Universidade de Lisboa a São Jorge na crise sísmica de 1964 com Frederico Machado. A situação era muito semelhante a esta. Houve uma pequena erupção submarina ao largo das Velas. Tenho a noção de que esta crise está a ser bem seguida. Não há razão para pânico. Era melhor informar as pessoas. Tenho amigos nas Velas e na Calheta de São Jorge. Eles dizem-me que não se tem sentido tremor vulcânico que antecede sempre uma erupção. Eu não quero interferir com os serviços oficiais…

 

Esta onda sísmica vai passar?

Vai passar, mas é preciso dar tempo ao tempo. E não se deve assustar as pessoas. Deve-se informar, informar e informar. Mostrar-lhes resultados da equipa que foi para São Jorge num avião militar.

Enfim, estas ilhas são vulcânicas e, portanto, fenómenos destes hão-de existir ainda durante muito tempo, porque, se não existirem, as ilhas são tomadas pela erosão e desaparecem. Este deve ser considerado como um fenómeno normal de regiões vulcânicas jovens (com poucos milhares de anos).

 

Pode surgir uma erupção vulcânica. Pode surgir um sismo que cause destruição e não se tenha tomado precaução…

Contacte os presidentes das Câmaras Municipais das Velas e Calheta. Estas pessoas é que representam, no seu concelho, a protecção civil. Estes senhores é que são responsáveis e julgo que estão a ser porque eu não tenho recebido grandes queixas. A queixa mais importante que tenho recebido é de inexistência de mais informação. A informação, através dos jornais, através da rádio, através da TV, é muito importantes para a população se manter calma.

Os tempos são outros. Em 1964, a povoação mais atingida foi a dos Rosais. E foi também nesta altura que deixou de funcionar o farol dos Rosais.

Eu não tenho elementos para um parecer definitivo. Agora, está lá uma equipa. Entendo que eles estão a actuar bem sem precisar dos elogios deles. Há que reconhecer quando as coisas são bem-feitas. Neste caso, peca-se por falta de informação. Não é só ir para a televisão contar desventuras. Podemos ser optimistas. Nisto, jornais como o ‘Correio dos Açores’, são muito importantes para a população se manter calma.

Na crise sísmica de 1964, em São Jorge, não havia aeroporto, o porto das Velas era pequeníssimo. Foi uma aventura desembarcar da fragata e irmos para as Velas, depois de se passar a Urzelina.

De qualquer forma, deve-se apertar a informação. Falar com todas as pessoas, especialmente as mais credíveis no respectivo lugar. Enfim, não sei se precisa de mais…

 

 

Fonte: Correio dos Açores, 22 março 2022