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As Saquetas de Chá - Notícia OVGA 04-10-2019

Um novo estudo canadiano mostra que as saquetas de chá podem estar a contaminar cada chávena que tomamos com milhares de milhões de nanopartículas plásticas, resultantes dos materiais utilizados no seu fabrico.

Segundo um estudo publicado na revista científica Environmental Science & Technology, as saquetas de chá não largam apenas os aromas necessários a uma boa e relaxante chávena de bebida.

Um grupo de investigadores da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, descobriu que as saquetas podem também largar milhões de nano e micropartículas de plástico para dentro da chávena, que acabam dentro do nosso organismo.

Visto não se saber ao certo os efeitos destas partículas no organismo humano, a equipa decidiu explorá-los em pequenos organismos aquáticos chamados dáfnia magna, uma espécie de pulga-de-água, usados comumente para este tipo de experiências.

De acordo com os investigadores, “embora os consumidores conscientes promovam a redução de plásticos descartáveis, alguns fabricantes estão a criar novas embalagens plásticas para substituir as tradicionais de papel, como é o caso das saquetas de chá em plástico”. Assim, os investigadores compraram 4 marcas diferentes de chá - que não identificaram – que usam saquetas de plástico. Retiraram as folhas de chá de dentro das saquetas, lavaram-nas e aqueceram-nas em recipientes de água, que simulavam a confeção de chá.

Depois, através de um microscópio de eletrões, a equipa descobriu que uma única saqueta, à temperatura de confeção (cerca de 95ºC), liberta cerca de 11,6 mil milhões de micropartículas e 3,1 mil milhões de nanopartículas de plástico para a água, nomeadamente de nylon e polietileno tereftalato. Estes níveis são milhares de vezes superiores aos observados noutras comidas, frisam os investigadores.

Numa experiência à parte, a equipa colocou as pulgas-de-água em contacto com as micro e nanopartículas das saquetas de chá. Embora os espécimes tenham sobrevivido, foram registadas anomalias comportamentais e anatómicas nos mesmos. Embora os resultados tenham sido preocupantes, os investigadores concluíram ser necessários mais estudos aos efeitos mais subtis ou crónicos que estas partículas podem ter no organismo humano.

 

Fonte: Visão (27-09-2019)