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OVGA GeoPostal N.º7 - Formiga presa em âmbar joalharífero

Formiga presa em âmbar joalharífero

O âmbar é uma resina orgânica fóssil, produzida por determinadas espécies de árvores que viveram há milhões de anos (entre os 360 e 2 Ma), sendo que a maioria data de há 50 a 5 Ma atrás. Há muitos tipos de árvores que produzem resina e em quantidades diferentes. É no tronco ou nos ramos, nas zonas de corte ou nas fendas, que se pode ver a resina a brotar lentamente da casca da árvore (porque é viscosa), formando gotas, até que acaba por cair e se misturar com os sedimentos. Depois de endurecer e sofrer processos de fossilização ao longo de milhares de anos, estas resinas transformam-se no que denominamos de âmbar, palavra que vem provavelmente do árabe al-anbar, que significa “dourado”.

A resina é constituída por diversos líquidos, como óleos, ácidos e álcoois, bem como por substâncias aromáticas, numa mistura de componentes essencialmente constituída pelos elementos carbono, oxigénio e hidrogénio. É uma substância viscosa, pegajosa ao toque. Durante o processo da sua formação os compostos voláteis desaparecem e dão-se fenómenos de polimerização, sendo que o produto final é amorfo e já não contém voláteis.

O âmbar pode ser parcialmente dissolvido por substâncias orgânicas, mas não é afetado pela maioria dos álcoois. É macio (dureza de 2 a 3 na escala de Mohs, semelhante à das unhas), e é ligeiramente mais pesado que a água (densidade relativa de 1.05 a 1.10), flutuando em água saturada com sal comum. Quando aquecido entre os 200-380ºC torna-se preto e arde exalando um odor típico, propriedade aproveitada pelos antigos nobres chineses, que queimavam valiosos pedaços de âmbar para perfumarem os seus aposentos.

A resina protege as árvores de doenças, pois tem propriedades antissépticas e a sua viscosidade prende os insetos, impedindo que perfurem a casca das árvores. Nem todas as árvores produtoras de resina conduzem ao âmbar joalharífero, pois a maior parte das resinas ao brotarem das árvores não são estáveis e desintegram-se. Hoje em dia, somente dois tipos de árvores dão resina que com o tempo se podem transformar em âmbar. São elas o pinheiro Kauri (Agathis australis), da família das Araucárias, da Nova Zelândia e a leguminosa Hymenaea, de África do Leste e da América Central e do Sul.

Uma das caraterísticas mais apreciadas no âmbar é a presença de inclusões de pequenos animais, como insetos, tais como aranhas, larvas, formigas, lagartos, entre outros, e de restos de plantas (folhas, sementes, etc.).

Há poucos anos atrás foram descobertas jazidas de âmbar anegrado no Bornéu, utilizados em joalharia quando inserem insetos perfeitamente conservados.

 

Fonte: Pedro Correia e Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores

Adenda: Na área museológica do OVGA existem diversos exemplares de âmbar báltico, do Bornéu e das Honduras.

Referência bibliográfica: David Grimaldi. Amber - Window to the Past. (1996)