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Novo dinossauro de Portugal era um “caçador da Lusitânia”

Notícia OVGA 14-07-2020

Ilustração científica do Lusovenator santosi CARLOS DE MIGUEL CHAVES

A descoberta de um novo dinossauro carnívoro em Portugal – o Lusovenator santosi – acaba de ser descrita na revista científica Journal of Vertebrate Paleontology por uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis. Este dinossauro carnívoro “português” viveu no Jurássico Superior, há cerca de 145 milhões de anos, na Bacia Lusitaniana.

Coordenada pela paleontóloga Elisabete Malafaia, do Instituto Dom Luiz (IDL), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o estudo contou com a colaboração de paleontólogos ligados ao IDL, ao Grupo de Biologia Evolutiva da Universidade Nacional de Educação à Distância (em Madrid, Espanha), à Sociedade de História Natural (Torres Vedras) e ainda ao Museu de História Natural do Condado de Los Angeles. O português Pedro Mocho e os espanhóis Fernando Escaso e Francisco Ortega são os restantes autores do artigo científico.

A nova espécie foi identificada a partir fósseis recolhidos nas duas últimas décadas nas praias de Valmitão (Lourinhã) e de Cambelas (Torres Vedras), relata um comunicado de imprensa sobre a descoberta do Lusovenator santosi. No início, os fósseis foram atribuídos a um animal relacionado com o género de terópodes Allosaurus, um dos grupos de dinossauros carnívoros mais bem conhecidos e abundantes do Jurássico Superior. Os terópodes, dinossauros bípedes, geralmente carnívoros, tinham no Tyrannosaurus rexum primo do Allosaurusum dos membros mais famosos deste grupo.

“Contudo, uma análise mais detalhada dos exemplares identificou um conjunto de características exclusivas que permitiu estabelecer este novo género e espécie”, refere o comunicado a propósito do Lusovenator santosi. Afinal, o animal está relacionado com os carcarodontossauros, grupo de dinossauros até agora desconhecido em níveis geológicos tão antigos no hemisfério Norte. Podia atingir, pelo menos, três metros de comprimento. 

Imagem: José Joaquim dos Santos, o responsável pela descoberta dos fósseis, com Elisabete Malafaia DR

Os carcarodontossauros, que incluem alguns dos maiores predadores que viveram na Terra, estão bem representados no Cretácico Inferior (há cerca de 130 milhões de anos) da Europa, em espécies de porte médio. Já do final do Cretácico (há cerca de 100 milhões de anos), formas de maior tamanho são abundantes em diferentes áreas do hemisfério Sul, como o Carcharodontosaurus em África e o Giganotosaurus na Argentina. Na Península Ibérica, o grupo estava representado apenas pela espécie Concavenator corcovatus, identificada na jazida de Las Hoyas (Cuenca, Espanha) por alguns paleontólogos responsáveis agora por esta descoberta em território português.

No entanto, o registo fóssil de carcarodontossauros mais antigo conhecido em todo o mundo era de África – mais exactamente, da Tanzânia. Agora a nova espécie identificada em Portugal é sensivelmente da mesma idade do que os fósseis africanos e constitui a primeira prova da presença deste grupo de dinossauros no Jurássico Superior do hemisfério Norte, sublinha-se ainda no comunicado. Em suma, este grupo de dinossauros carnívoros estava presente cerca de 15 milhões de anos mais cedo do que se pensava até agora no hemisfério Norte – em particular, na Europa.

 

FONTE : Jornal Público online (14-07-2020)

ADENDA OVGA :

No Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA) podem observar-se ovos de dinossauros carnívoros encontrados na China.

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Ninho de ovos de dinossauros carnívoros (China) - Coleção OVGA