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CONFERÊNCIA “OS FÓSSEIS HUMANOS DO PLISTOCÉNICO DE PORTUGAL E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA AS GRANDES QUESTÕES DA PALEOANTROPOLOGIA” - Notícia OVGA 23/05/2017

CONFERÊNCIA
“OS FÓSSEIS HUMANOS DO PLISTOCÉNICO DE PORTUGAL E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA AS GRANDES QUESTÕES DA PALEOANTROPOLOGIA”

Notícia OVGA - 23/05/2017

Joao Zilhão, Universidade de Barcelona

As investigações arqueológicas realizadas ao longo das últimas três décadas em território português trouxeram à luz restos humanos de todas as épocas do Paleolítico, alguns dos quais de grande relevância para o estudo das grandes questões da Evolução Humana. É o caso do esqueleto infantil Lagar Velho 1, descoberto em 1998 e datado de há 30.000 anos, o qual forneceu a primeira prova antropológica sólida apoiando a hipótese de que o Homem de Neandertal, longe de ser uma espécie diferente extinta sem descendência, se contava na realidade entre os nossos antepassados e que, à época do contacto, a sua miscigenação com as populações “modernas” de origem africana tinha sido a regra, não a excepção — hipótese que, nos últimos cinco anos tem sido repetidamente corroborada pela Paleogenética. É o caso ainda do crânio Aroeira 3, descoberto em 2014 em contexto arqueológico acheulense datado com muita precisão de há cerca de 400.000 anos, cuja combinação de traços anatómicos única vem acrescentar uma nova dimensão à variabilidade das populações eurasiáticas da época. Outros restos mais fragmentários de época moustierense, solutrense e magdalenense descobertos em cavidades da rede cársica da nascente do Almonda e na Gruta do Caldeirão, em Tomar, têm permitido, através da aplicação pioneira de métodos de análise baseados na composição isotópica dos tecidos dentários, obter informação relevante acerca da dieta e da mobilidade das populações humanas que viveram no território português entre 100.000 e 10.000 anos antes do presente.

FONTE:www.museudaciencia.org